domingo, 7 de agosto de 2016

Crônica do madeiro.

Distraído, caminhava, quando senti o seu forte toque em meus braços. Tocou-me como um encarcerado toca quem passa frente à sua cela. Pediu-me socorro!
Era uma mulher, mais precisamente uma senhora. Seu rosto denunciava experiência. Porém seus olhos denunciavam desespero! 
Ao virar-me pois para ela percebi suas ferramentas expiatórias. Vela, fogo e um descontentamento por ter perdido um papel... Pediu-me então que ajudasse a procurar, ali, à frente da matriz, aos pés da cruz, os seus pedidos. 
Vi-me entre a cruz e a espada! Fariseu que sou, não queria ser focado frente ao bronze e o madeiro, confundido com romeiro que acende velas. Porém fui tomado de compaixão pelo desespero da Senhora que dizia repetidas vezes: "Ele vai me perdoar. Preciso dessa graça. Ele vai me atender!" Na compaixão, me vi debruçado, procurando suas preces transcritas em versos... E ao achar, cooperei com acender a chama da vela, enquanto ela obcecada, via uma luz na escuridão ao acender o pavio da cera. Ali, sem máscaras, diante de quem passava, em desespero por perdão e graça! 
Ao terminar-mos, agora juntos, de acender a vela, ela se preocupava com a brisa que soprava esforçando-se em apagar a chama. Neste meio tempo criei coragem, e ofereci uma oração!
Nos abraçamos diante do madeiro. Oramos juntos! Numa só fé: Jesus é graça que transpassa as tradições. Jesus percebe desesperos e atende pedidos, transcritos ou não. Iluminados ou não. Ele não para nas minhas maneiras. Ele é! 
Saí dali, daquele cenário de graça, mais convicto de que Jesus superou a religião.  

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